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Pâncreas: anatomia

- órgão retroperitoneal. Cabeça, corpo e cauda.


- ducto pancreático principal (de Wirsung) se junta ao colédoco, ainda dentro da cabeça do pâncreas, e desembocam na papila maior do duodeno (papila de Vater). Esfíncter de Oddi.


- ducto pancreático secundário (de Santorini), derivado do principal, desemboca na papila menor do duodeno.

Pâncreas: vascularização

Derivada de ramos do tronco celíaco e AMS. Cabeça compartilha irrigação com duodeno (ressecar um implica em ressecar o outro).


*cabeça é irressecável se invadir artérias (se 180 graus ou mais da circunferência do vaso)



Drena para sistema porta.

Pâncreas: histologia

80% - porção exócrina: glândulas mistas túbulo-acinares.


- células ductais e centroacinares: secreção hidroeletrolítica. Principalmente bicarbonato.


- células acinares: secreção enzimática.



20% - porção endócrina: ilhotas de Langerhans

Pâncreas: fisiologia

Dupla função: (a) exócrina; (b) endócrina.

Pâncreas: função exócrina

(1) secreção digestiva: três fases


1.1) cefálica: estímulos olfatórios e visuais aumentam produção exócrina via vago (acetilcolina).


1.2) gástrica: reflexo gastropancreático (distensão gástrica) e estímulo pela gastrina.


1.3) intestinal: a mais importante.


- Quimo ácido gera liberação de secretina pelas células S da mucosa duodenal e jejunal.


- Aminoácidos, polipeptídeos e ácidos graxos estimulam células I do duodeno e jejuno a liberarem colecistoquinina (CCK).



*secretina estimula secreção hidroeletrolítica rica em HCO3. Protege mucosa e alcaliniza meio para ação enzimática.


*CCK estimula liberação de enzimas. Lipase e amilase já saem ativas. Demais são pró-enzimas. Enteroquinase converte tripsinogênio em tripsina. A tripsina passa a ser a principal conversora de zimogênios em formas ativas.



(2) secreção interdigestiva: cíclica de acordo com complexos miolelétricos migratórios.

Pâncreas: função endócrina

Ilhotas de Langerhans.


Células alfa: glucagon


Células beta: insulina


Células delta: somatostatina (inibidor metabólico)



Fatos:


A) na pancreatite extensa (90%), o glucagon cai junto com a insulina. Repor insulina com doses mais baixas, pois não há glucagon.


B) fístula pancreática: dieta zero, NPT, octreotide


C) tumor endócrino mais comum: insulinoma. Benigno em 90%. Ressecar por enucleação.

Pâncreas: amilase

Eleva-se entre 2-12h do início da inflamação. Permanece por 3-5d.



Causas de hiperamilasemia:


(1) pancreatite aguda (valor geralmente 3-5x o normal -160 U/L-, ou seja acima de 500 U/L, especialmente de 1000 U/L)


(2) obstrução/lesão intestinal


(3) cálculo biliar


(4) ins. renal


(5) dç tubovariana


(6) macroamilasemia


*na urina, se macroamilasemia, temos amilase urinária baixa. Na amilasemia verdadeira, valor urinário alto. Questão de tamanho.


(7) parotidite

Pâncreas: lipase

Sobe junto com a amilase. Maior meia-vida: 7-10d.


Maior sensibilidade e especificidade.


Valor normal de 140 U/L. Mais sugestivo de pancreatite se >3x LSN.


Ainda assim, idealmente se pede os dois para maior acurácia no dx de pancreatite aguda.

Pancreatite aguda: conceitos

- condição inflamatória de autodigestão do pâncreas por suas enzimas.


- caracteristicamente não deixa sequelas.


- casos graves: leva à sd. da resposta inflamatória sistêmica (SIRS).

Pancreatite aguda: tipos

(a) PANCREATITE AGUDA INTERSTICIAL/EDEMATOSA/LEVE: 90%; cursa basicamente com edema, sem necrose extensa, sem complicações. Autolimitada em 3-7d.



(b) PANCREATITE AGUDA NECROSANTE/GRAVE: extensa necrose parenquimatosa, hemorragia retroperitoneal. Evolução de 3-6sem.

Pancreatite aguda: patologia

Necrose gordurosa (marco da doença).



Lesão de células acinares leva à ativação dos zimogênios ainda no órgão e sua liberação no interstício, gerando autodigestão.



*mecanismo deflagrador: ainda em estudo. Condições como o aumento da pressão intraductal aproximam vacúolos citoplasmáticos ricos em catepsina B (ativadora de tripsinogênio) com as pró-enzimas. Fenômeno de colocalização.



- mortalidade bimodal: precoce por inflamação sistêmica, tardia por complicações como infecções.

Pancreatite aguda: duas principais causas

#1: pancreatite aguda biliar


#2: pancreatite aguda alcoólica

Pancreatite aguda biliar

- obstrução por cálculos biliares da ampola de Vater.


- 25-50% com coledocolitíase associada.


- NÃO se associa à pancreatite crônica (diferente da alcoólica).


- colecistectomia evita recidivas.


- qualquer pessoa, mas predomina em mulheres, obesos, 50-70a.


- risco indiretamente proporcional ao tamanho do cálculo (risco maior se cálculo menor que 5mm)

Pancreatite aguda alcoólica

- associado ao alcoolismo inveterado (geralmente acima de 5 anos, média de 15a).


- em geral já há dano crônico ao pâncreas.


- episódios recorrentes, em geral 1-3d após libação alcoólica.


- associada à pancreatite crônica.

Pancreatite aguda: outras causas

(A) hipertrigliceridemia: em geral pacientes com TG acima de 1.000 mg/dl. Lipase metaboliza triglicérides em ác. graxos livres nocivos ao pâncreas. Pode haver falseamento dos níveis de amilase (diluição da amostra revela a hiperamilasemia).


*acima de 500 mg/dl de TG, já trata.



(B) hipercalcemia: qualquer fonte. Hiperparatireoidismo é o principal.



(C) Pós-operatório: cirurgias abdominais e cardíacas.



(D) Por fármacos: rara. Principalmente imunossupressores.


*no HIV, é principal causa.



(E) pós-CPRE



(F) obstruções: disfunção do esf. de Oddi, lesões duodenais, tu periampulares, pâncreas divisum.


*pâncreas divisum: não fusão entre porção ventral (cabeça, drenada por Wirsung) e dorsal (colo, corpo e cauda, drenados por Santorini). Normal seria fundir as porções e o sistema ductal. Hiperfluxo por Santorini (estreito) gera pancreatite.



(G) trauma: costuma ser grave. A de maior mortalidade. Mais comum em crianças.



(H) "Idiopática": 20%.


- 2/3: microlitíase biliar - lama biliar de pouca ecogenicidade, móvel, sem sombra acústica, na vesícula. Reduzem recorrência: ác. ursodesoxicólico, papilotomia, colecistectomia.


- 1/3: disfunção do esfíncter de Oddi, esfíncter com pressão aumentada. Papilotomia ou esfincteroplastia.



*outras, raras:


- picada de escorpião (Tytius trinitatis)

Pancreatite aguda: clínica

- dor abdominal, náuseas e vômitos. Dor aguda, EM BARRA, irradiando para DORSO. Em geral, requer opiáceos.


*vômitos persistem após SNG: pensar em pancreatite aguda ou obstrução.


*posição genitupeitoral/prece maometana: decúbito lateral com joelhos fletidos.


- pode haver íleo paralítico, por inflamação intra-abdominal, com distensão à radiografia.


- edema da cabeça do pâncreas ou cálculo pode gerar icterícia (10%). NÃO indica necessariamente causa biliar.


- sangramento retroperitoneal: sinal de Grey-Turner (equimose em flancos), de Cullen (equimose periumbilical). 1% dos casos. NÃO são patognomônicos mas indicam gravidade.


- outros: equimose na base do pênis (sinal de Fox), necrose gordurosa subcutânea (paniculite).


- derrame pleural com exsudato rico em amilase.


- retinopatia de Purtscher: escotomas, perda rápida da visão. Exsudatos algodonosos e hemorragias à fundoscopia. Raro.


- choque: componentes hipovolêmico e vasodilatação sistêmica. Há perda de 6-10L para retroperitôneo e inflamação (mesmo sem infecção).


- insuficiência renal: maioria pré-renal. Pode ser também NTA por isquemia ou reação inflamatória.

Pancreatite aguda: laboratório

- leucocitose (inflamação)


- PCR elevada


- hiperglicemia (pela SIRS e posteriormente destruição das ilhotas de Langerhans)


- hipocalcemia (saponificação pela gordura peripancreática necrosada). Indica gravidade.


- TGP > 150 U/L é específico para etiologia biliar. Mas se menor, não descarta.

Pancreatite aguda: diagnóstico

Critérios de Atlanta. 2 dos 3:


- dor abdominal compatível


- aumento de enzimas amilase e lipase >=3x LSN (pede-se ambas; esse limiar tem alta especificidade)


- exames de imagem (não são obrigatórios)



*quadros crônicos agudizados (como alcoólicos) podem cursar sem aumento de enzimas.


*lembrar que níveis não se correlacionam com gravidade.


*hipertrigliceridemia gera pancreatite aguda com amilasemia normal.

Pancreatite aguda: exames de imagem

- Primeiro: USG (litíase biliar?). Sempre indicado. Não sela dx, mas investiga causa mais comum.



- Definitivo: TC com contraste (contraste ajuda a determinar tipo).


Quando: 48-72hrs de evolução (pode ser normal antes disso).


*Imediata se grave, em piora, em dúvida. Se Ranson >=3 ou APACHE >=8.



(A) Edematosa: distribuição e captação homogênea do contraste.



(B) Necrosante: captação heterogênea do contraste (necrose não capta). Bolsas de ar revelam infecção.



- RNM: seria superior. Mas menos acessível.



- Rx: derrame pleural à E, atelectasia em base, infiltrado bilateral pulmonar (SDRA).

Pancreatite aguda: prognóstico

Grave: Ranson>=3, APACHE II >=8, BISAP >=3, Atlanta (mais moderno)


- BISAP: o mais prático. BUN (nitrogênio ureico sanguíneo), impaired mental status, SIRS, Age >60, Pleural effusion.


- Baltazar: índice de gravidade feito a partir da TC (>= 6)


- Ranson: desvantagem é que só estipula gravidade após 48h da admissão. Se der, decorar quais critérios fazem parte. Ver foto.


*na pancreatite biliar, PaO2 não é avaliada, e aumento da BUN pode ser menor (de 2 mg/dl)


*dica: não tem TGP, amilase, lipase, BT.


- PCR >150 pode ser marcador de gravidade se após 48h (antes não).



HAPS: indica se é leve.

Pancreatite aguda: princípios do tratamento

1. Repor volume, analgesia e dieta zero.


2. Definir se é leve ou grave (só após 48hrs).


3. Se grave, definir conduta após TC (>30% de necrose?).


4. Lidar com complicações tardias.


5. Recomeçar dieta.

Pancreatite aguda: tratamento da forma leve

Suporte: analgesia (opiáceos), inclusive morfina (antes era CI); hidratação, controle de DHE.



Na forma leve, em geral dispensa-se a TC.



Realimentar com melhora clínica e desejo de alimentar-se. Prefere-se VO. Se não, cateter. Se não, NPT.


- não precisa de tanta pressa, dieta zero inicialmente, pois recuperação é rápida.

Pancreatite aguda: tratamento da forma grave

Analgesia com opiáceos, RESSUSCITAÇÃO VOLÊMICA (a medida mais importante), nutrição por cateter (se não, NPT), se choque refratário usar noradrenalina.


- nutrição: preferir enteral. O mais precoce possível pois recuperação é mais longa...



Não se faz mais ATB profilático, nem na necrose estéril. Apenas necrose comprovadamente infectada. Esterilidade também dispensa cirurgia!

Pancreatite aguda: necrose pancreática infectada

Chance maior se necrose >30%. Esse critério apenas não indica ATB.



Investigar com TC se piora clínica após melhora, nova febre, leucocitose, sepse, etc. Sinal da bolha de sabão. Ou ainda punção + cultura do pâncreas.



Indicada cirurgia (apenas necrose infectada). Necrosectomia. Adiar preferencialmente para após 12d. Pâncreas já mais regenerado.



ATB de escolha: carbapenêmicos. Imipenem. Ou cipro + metro.

Pancreatite aguda: conduta na etiologia biliar

(A) colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) e papilotomia nas primeiras 72hrs. Apenas nos casos moderados a graves (colangite, icterícia progressiva). Icterícia leve não indica.



(B) Colecistectomia semieletiva:


- pancreatite leve: antes da alta hospitalar. Apenas após melhora clínica. Evita recidivas.


*em casos leves com risco cirúrgico ruim: papilotomia via EDA.


- pancreatite grave: esperar após 6sem. Alguns autores indicam também na mesma internação.

Pancreatite aguda: pseudocisto

Se instalação antes de 4 semanas: coleção líquida aguda. Intervir apenas se suspeita de infecção. Se for o caso, opta por drenagem transcutânea.



Após quatro semanas: pseudocisto (parede de debris, conteúdo rico em enzimas, contrasta à TC).



Suspeita-se se massa palpável, nova dor epigástrica.



Pode complicar com obstrução do TGI ou biliar, hemorragia e pseudoaneurisma (invade vasos), rotura, fístulas, infecção.


* hemosuccus pancreaticus: sangramento (HDA, hemoperitônio) devido a pseudoaneurismas ou invasões de vasos criando ligação patológica entre vasos e o ducto pancreático (wirsunrragia).



Conduta: a princípio, não intervir. pode se esperar evolução por 6 sem. Maioria regride.


Cirurgia se sintomático, complicado, em expansão. Procedimento de escolha é drenagem cirúrgica interna. Cistogastrostomia/duodenostomia/jejunostomia.


Se infectado (abscesso): drenagem percutânea.



Ou seja, infecção = drenagem percutânea. Pseudocisto sintomático = tto endoscópico.

Pancreatite aguda: "abscesso" pancreático

Abscesso é termo em desuso. Seguir os abaixo.



Se antes de 4sem: coleção necrótica aguda pancreática. Seria a drenagem transcutânea.



Após 4sem: coleção necrótica organizada. É o pseudocisto infectado = abscesso. Seria a drenagem transcutânea também.



Mantém febre diária apesar da melhora clínica do restante.



Tratamento: ATB + drenagem.