Use LEFT and RIGHT arrow keys to navigate between flashcards;
Use UP and DOWN arrow keys to flip the card;
H to show hint;
A reads text to speech;
37 Cards in this Set
- Front
- Back
Cirrose hepática: definição e patogenia |
Definição: remodelamento do parênquima hepático.
- capilares hepáticos são fenestrados e desprovidos de membrana basal. - entre o vaso e o hepatócito, há espaço de Disse, que funciona como interstício. - no espaço de Disse, há células estreladas (ou células de Ito), as mais importantes na gênese da cirrose. Normalmente, são células quiescentes, que armazenam vit A. - processo necroinflamatório leva à liberação de citocinas pelas células de Kupffer ativadas, estimulando as células de Ito a produzir matriz extracelular. - há deposição de colágeno, com capilarização dos sinusoides, obstruindo fenestras e diminuindo calibre dos vasos (hipertensão porta). Gera um shunt porta-centro (fibrose em ponte) pois sangue não interage com hepatócito. - tentativas frustradas do fígado em regenerar geram nódulos de regeneração. - CIRROSE: FIBROSE EM PONTE + NÓDULOS DE REGENERAÇÃO. *o desarranjo estrutural é mais importante que a perda de hepatócitos. |
|
Cirrose hepática: avaliação |
Padrão-ouro: biópsia, porém na maioria das vezes dispensável.
Patognomônico: lobo direito <7cm à percussão + lobo esquerdo aumentado palpável abaixo do gradil costal com superfície nodular e endurecida. |
|
Cirrose hepática: manifestações clínicas |
Será foco da próxima apostila. Decorar... |
|
Cirrose hepática: exames laboratoriais |
Podem variar de acordo com etiologia. Algumas características comuns que sugerem cirrose, porém, são: - aminotransferases: podem estar normais. Aumentam se há atividade inflamatória. * hepatopatia sem cirrose, temos ALT/AST >1. * na cirrose, inverte. ALT/AST <1 * exceto dç hepática alcoólica, em que ALT/AST <1 mesmo antes da cirrose, na fase de esteato-hepatite. - FA e GGT: se aumentadas, sugerem quadro colestático. Etiologias como cirrose biliar primária e colangite esclerosante. - bilirrubinas: fator de mau prognóstico. À custa da BD. - hipoalbuminemia - alargamento do TAP - hipergamaglobulinemia: menor clearance de bactérias gera hiperestimulação humoral. IgA na dç hepática alcoólica; IgM na cirrose biliar primária; IgG na hepatite autoimune. - hiponatremia - pancitopenia |
|
Cirrose hepática: exames de imagem |
TC, RNM, USG... Em geral, só detectam alterações nas fases mais avançadas. Destaque: rastreio semestral de carcinoma hepatocelular (CHC) em pacientes cirróticos. USG + dosagem de alfafetoproteína. |
|
Cirrose hepática: classificações |
BEATA com caneta BIC. |
|
Cirrose hepática: classificação funcional |
Classificação de Child-Turcotte-Pugh. Varia de 5 a 15 (5 critérios pontuados de 1 a 3), quanto mais alto, pior o prognóstico. |
|
Cirrose hepática: escore de Meld |
Mais usado para definir prioridade de transplante. Critérios: - Bilirrubina - INR - Creatinina |
|
Cirrose hepática: etiologias |
Principais (aula): HBV, HCV e álcool. Maior causa de cirrose e Tx: HCV. -V írus: HBV, HCV - I nfiltração gordurosa: álcool, sd metabólica - D epósito: dç de Wilson, hemocromatose - A utoimunidade: hepatite autoimune, colangite biliar (cirrose biliar primária) |
|
Cirrose: pistas de etiologia alcoólica |
Em geral, clínica não revela etiologia, porém sugerem etiologia alcoólica: - intumescimento de parótidas - contratura palmar de Dupuytren - neuropatia - pancreatite crônica associada |
|
Cirrose hepática: cirrose criptogênica (idiopática) |
Até 10-15% dos casos. |
|
Cirrose: causas raras |
1. Deficiência de alfa-1-antitripsina: acúmulo da versão mutante nos hepatócitos. - jovem + cirrose + enfisema pulmonar (em não tabagistas) + história familiar positiva - confirma pela genotipagem da a1-antitripsina - tto: reposição enzimática. Não melhora fígado, apenas enfisema.
2. Cirrose cardíaca: por congestão
3. Galactosemia: erro inato do metabolismo. Pode gerar hepatopatia crônica.
4. Fibrose cística: cirrose causa as mortes de causa não pulmonar. Gera cirrose biliar focal por secreções espessas. Tto: ác. ursodesoxicólico. |
|
Cirrose hepática: pilares do tratamento |
1. Terapia antifibrótica: ex. colchicina 2. Terapia nutricional: não requer restrição proteica 3. Tto da causa 4. Tto de complicações 5. Transplante hepático
*evitar frutos do mar pelo risco de infecção com Vibrio vulnificus e Yersinia sp. *avaliar status sorológico de HAV e HBV para vacinar se vulnerável. |
|
Doença hepática alcoólica: estágios |
Em alcoolistas:
90% evoluem com esteatose hepática (fígado gorduroso).
Até 1/3 evolui com esteato-hepatite aguda (hepatite alcoólica).
Se persistente, evolui com cirrose alcoólica.
*esteatose pode evoluir direto para cirrose. |
|
DHA: doses e fatores amplificadores |
Formas graves requerem: - em homens, >80g/dia por mais de 10a - em mulheres, >30-40g/dia por mais de 10a
Fatores amplificadores: hepatites virais crônicas, obesidade (mais que a desnutrição)...
De modo geral, fatores de risco adicionais são necessários para dç evoluir. Sem eles, minoria chega a cirrose.
*1 dose padrão: 12g de álcool = 30 ml de destilado, 100 ml de vinho, ou 300 ml de cerveja. |
|
DHA: patogenia |
Excesso de álcool é metabolizado na região centrolobular, pela enzima álcool-desidrogenase. Isso gera consumo de O2 significatitivo, levando a: (A) hipóxia centrolobular (B) acúmulo de gotículas de gordura (esteatose) por bloqueio da oxidação de ácidos graxos pela hipóxia (C) formação de acetaldeído - metabólito do etanol - que é tóxico e desencadeia resposta autoimune (hepatite)
Há ainda maior permeabilidade intestinal, com passagem de lipopolissacarídeo (LPS ou endotoxina) para fígado, ativando células de Kupffer. Libera citocinas.
Persistência dos insultos ativa células estreladas... e cirrose.
*efeito dissulfiram ou antabuse: acúmulo de acetaldeído por inibição da acetaldeído-desidrogenase por fármacos como dissulfiram, metronidazol, clorpropamida, entre outros. *mulheres são mais suscetíveis à DHA. Possível explicação é menor quantidade de desidrogenase alcoólica gástrica. Mesmo assim, número total de doentes é maior entre homens, pelos níveis altos de dependência alcoólica. |
|
DHA: patologia |
Predomina na região central (perivenular). Diferente de outras hepatopatias crônicas, que predominam na região periportal. |
|
DHA: esteatose hepática |
Basta 1 episódio de libação alcoólica. Totalmente reversível com cessar do etilismo.
Gera depósitos macrovesiculares de ácidos graxos.
Clínica: em geral assintomático. Pode haver hepatomegalia ao exame.
Laboratório: no máximo tocado. Inespecífico. |
|
DHA: esteato-hepatite |
Libação no bebedor crônico. Reversível com abstinência. Ddx: colangite!!
Patologia com: 1. necrose hepatocitária 2. infiltração por leucócitos num parênquima esteatótico NEUTROFÍLICA (polimorfonucleares), ou seja, leucemoide 3. distribuição perivenular/centrolobular 4. Corpúsculos de Mallory (clássicos, mas não patognomônicos)
*outras hepatopatias costumam ter infiltração mononuclear. *aula: aqui tem forte papel do acetaldeído
Clínica: anorexia, hepatoesplenomegalia, febre, icterícia. Pode gerar ascite e varizes em alguns casos por hipertensão porta transitória.
Laboratório: elevação das transaminases é regra. - AST/ALT > 2!! Por deficit de piridoxina (B6), que faz parte da síntese de ALT. - AST e ALT geralmente abaixo de 400 U/l. - FA e GGT também podem aumentar, mas não >3x LSN. - outras marcas de perda da função renal...
*sd de Zieve: DHA crônica. Dor abd difusa, anemia hemolítica (macrocítica), icterícia e hiperlipidemia. |
|
DHA: cirrose hepática |
Fibrose inicia na região centrolobular, evoluindo para panlobular. Torna-se com o tempo irreversível.
Clínica: típica da cirrose. Alguns sinais sugestivos da etiologia alcoólica: contratura palmar de Dupuytren, intumescimento de parótidas, neuropatia, pancreatite crônica associada. Defende-se que aqui e na hemocromatose, hipogonadismo é mais acentuado.
Laboratório: típico da cirrose de qualquer etiologia. |
|
DHA: biópsia hepática |
NÃO É NECESSÁRIA. Dx é clínico. Só em casos duvidosos. |
|
DHA: sinais de que há consumo excessivo de álcool |
Paciente mentindo sobre abstinência:
1. Relação AST/ALT > 2 2. GGT elevada persistentemente 3. Macrocitose (VCM > 100 fl), com B12 e folato normal. Apesar disso, a deficiência dessas vitaminas também é comum. 4. Pancitopenia 5. Aumento sérico da transferrina deficiente em carboidratos (TDC) |
|
DHA: tratamento |
- abstinência alcoólica. Reverte esteatose, esteato-hepatite, e fases inicias de cirrose. - medicações que ajudam na abstinência: naltrexone, acamprosato, baclofeno - suporte nutricional
- tto da esteato-hepatite aguda: se encefalopatia ou escore IFD (índice de função discriminante) de Maddrey >=32, fazer prednisolona por 4sem. Alternativa é pentoxifilina (se corticoide contraindicado, também previne sd hepatorrenal). *não fazer GC se sangramento de TGI, IR, pancreatite, infecção. *pode ser prednisona, mas requer metabolização em prednisolona no fígado, que pode estar comprometida.
- tto cirrose: igual a qualquer etiologia. Se transplantar, requer 6 meses de abstinência. |
|
DHA: rastreio de alcoolismo |
CAGE e AUDIT |
|
DHA: complicações neuropsiquiátricas do alcoolismo |
1. Encefalopatia de Wernicke: deficiência de tiamina (B1). Tríade de encefalopatia, disfunção oculomotora, e ataxia. Reversível.
2. Sd amnéstica de Korsakoff: geralmente sequela da encefalopatia de Wernicke. Amnésia anterógrada (não retém novos fatos) e retrógrada seletiva (perde lembranças, com confabulações). Demais funções preservadas.
3. Alargamento ventricular com disfunção cognitiva
4. Degeneração cerebelar alcoólica
5. Dç de Marchiafava-Bignami: rara, no corpo caloso. Demência, espasticidade, disartria e perda da marcha.
6. Neuropatia periférica: padrão distal e simétrico.
7. Miopatia alcoólica: rabdomiólise aguda. Atrofia crônica.
8. Sd de abstinência: hiperadrenérgica. Convulsões, alucinose (primeiras 24hrs), delirium tremens (após 24-48hrs). |
|
Esteato-hepatite não alcoólica: introdução |
EHNA ou NASH (em inglês)
- dentro do espectro da dç hepática gordurosa não-alcoólica. Esteatose simples >> EHNA >> cirrose.
- lesões idênticas à DHA (esteatose macrovesicular + inflamação e necrose +- corpúsculos de Mallory).
- associados à sd metabólica. |
|
EHNA: epidemiologia e etiologia |
Hepatopatia crônica mais comum do mundo!! Causa mais comum do Ocidente de elevação das transaminases. Na prática, se enzimas aumentadas e sem evidências de outra causa, a principal hipótese deve ser DHGNA!
Etiologia: basicamente todas as possíveis. Destaca-se a sd metabólica. |
|
EHNA: sd metabólica |
Decorar critérios. O problema fundamental é a resistência à insulina. |
|
EHNA: fisiopatologia |
(A) resistência à insulina (B) maior síntese de triglicerídeos (C) toxicidade por ác. graxos |
|
EHNA: clínica |
Na esteatose pura, é assintomático. Na EHNA, pode ter queixas inespecíficas, como fraqueza e mal-estar, ou assintomáticos. Exame físico: mais frequente é hepatomegalia firme, indolor. |
|
EHNA: laboratório e diagnóstico |
- pode estar normal ou haver aumento de GGT, AST e ALT. Relação AST/ALT < 1 enquanto não for cirrose (aí inverte)... - FA não aumenta muito, no máximo 2x LSN. - índice de homeostase de glicose é útil para avaliar resistência à insulina.
Patologia: igual DHA, com menos corpúsculos de Mallory.
Fatores de confusão: - autoanticorpos em baixos títulos (hepatite autoimune?) = bx diferencia. Hepatite de interface na autoimune; esteatose macrovesicular + inflamação na DHGNA (ou DHA)... - marcadores virais positivos (viral?) = bx diferencia. Centrolobular na DHA ou DHGNA; periportal na viral. - aumento da ferritina e da saturação de transferrina (hemocromatose?) = alterações genéticas da hemocromatose diferenciam (gene HFE).
Dx: excluir outras causas; imagem (USG é mais usado, RNM seria o mais acurado); biópsia dispensável (se dúvida, cirrose, ou >45a) |
|
EHNA: tratamento |
- perda de peso - glitazonas (diminuem resistência insulínica, mas geram ganho de peso...) - vitamina E (tocoferol): antioxidante - na cirrose: transplante |
|
Hepatite autoimune: introdução e classificação |
Agressão autoimune hepatocelular. Associada a outras condições autoimunes. Na prova, podem usar vitiligo como marcador.
- tipo I: FAN, antimúsculo liso - predomina em mulheres jovens
- tipo II: anti-LKM1 - predomina em crianças
- tipo III: anti-SLA - forma mais grave *questão da UFRJ: tendo os anticorpos positivos para um tipo, próximo exame pode ser eletroforese para ver aumento de IgG... anticorpos de outros tipos serão negativos e inúteis... *provavelmente é causa de boa parte da cirrose hepática "criptogênica" * hepatites virais ou exposições a certas substâncias podem ser gatilho. |
|
HAI: clínica e exames |
Assintomático ou dç hepática (aguda/crônica/cirrótica). Manifestações extra-hepáticas por imunocomplexos podem ocorrer. - na apresentação aguda, a artralgia de pequenas articulações é característica.
Laboratórios: hepatograma flutuante, com aumento predominante de transferases; aumentos expressivos de GGT e FA levam a pensar em superposição com cirrose biliar primária ou colangite esclerosante. - achado característico: hipergamaglobulinemia policlonal (predomina IgG). Buscar na eletroforese de proteínas.
Biópsia: hepatite de interface (não é patognomônico). Necrose periportal, "piecemeal". Infiltrado mononuclear com plasmócitos.
Dx: de exclusão, principalmente. Também há escores. |
|
HAI: tratamento |
Base: azatioprina + prednisona
*em casos leves, pode apenas monitorar. *pode haver remissão completa clínica e histopatológica. É de praxe repetir bx aos 18m de tto para checar remissão. - após remissão, tentar suspender droga. Se voltar dç, retoma mesmo tratamento. - se não houver remissão, troca por outros imunossupressores. |
|
Hepatite isquêmica |
Necrose tecidual isquêmica por redução do aporte sanguíneo. Padrão centrolobular. Quadro: instabilidade hemodinâmica, principalmente pacientes chocados. Aumento de transaminases rápido, aumento de LDH. Pode aumentar outros marcadores, como renais, etc... Tratamento: estabilizar hemodinâmica. |
|
Hepatite congestiva / Cirrose cardiogênica |
Congestão venosa sistêmica; congestão passiva crônica hepática. Causas principais: dç orovalvar, pericardite constrictiva, cor pulmonale Clínica: turgência jugular, edema de MMII, hepatomegalia, pulso hepático, refluxo hepatojugular, ascite, icterícia. *refluxo hepatojugular: vira a cabeça do paciente para a esquerda e pressiona com a mão espalmada o fígado por 10s. Positivo se surgir turgência jugular.
Laboratório: inespecífico. Aumento de enzimas pode ocorrer ou não.
Patologia: fígado em noz-moscada. Alternância entre áreas avermelhadas de congestão e áreas claras de fibrose. Tratamento: tratar a doença de base. |