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Para Não confundir:
"a medida que; à medida que" pode ser escrita pelas duas formas.
"A medida que ele tomou é drástica
À medida que o mês corre, o bolso esvazia.
Pode ser sem crase, com a crase já pertence a outra classe, a de locução conjuntiva "à medida que", a qual alguns ainda preferem, erroneamente, substituir por "a medida em que". A forma correta é "à medida que". Lembrando que locuções conjuntivas é todo grupo de palavras que relaciona duas ou mais orações ou dois ou mais termos de natureza semelhante.
A par de" ou "ao par de'?
Não é raro ouvirmos alguém dizer: "Estou ao par da situação". Há algum problema nessa frase? Evidentemente não quanto ao sentido, que não nos cabe pôr em dúvida nesse caso, mas quanto à gramática.
O problema está em "ao par de". A pessoa deveria dizer antes "Estou a par da situação" para indicar que ela está ciente da situação, está inteirada do que está ocorrendo.
Usa-se "ao par" apenas para referir equivalência de valor entre moedas:
O dólar está ao par do euro.
"E" com valor de "mas"
Há alguns anos a cantora Rita Lee gravou uma música de grande sucesso, "Saúde", em que se dizia a certa altura: "Como vai? Tudo bem. Apesar, contudo, todavia, mas, porém..."
Com exceção da palavra "apesar", temos aí uma lista de advérbios adversativos:
contudo - todavia - mas - porém - entretanto
Na vida escolar acabamos memorizando pequenas listas como essa. E memorizamos também que a palavra "e" é uma conjunção aditiva, transmitindo a idéia de soma. "Aditiva" vem de "adição"; ambas são palavras cognatas.
Mas será que o "e" é sempre usado estritamente para somar? Veja este trecho da letra de "Te ver", canção gravada pelo grupo mineiro Skank:
Te ver e não te querer
é improvável, é impossível
Te ter e ter que esquecer
é insuportável, é dor
incrível...
Agora compare as frases abaixo:
Te ver e não te querer...
Ele estuda e trabalha.
Na sua opinião, a palavra "e" tem o mesmo sentido em ambos os casos? Repare como na primeira frase o "e" pode ser substituído pelo advérbio "mas":
Te ver, mas não te querer
Veja outros exemplos em que o "e" aparece na frase com um matiz adversativo:
Deus cura e o médico manda a conta
Deus cura, mas o médico manda a conta
O amor é grande e cabe no breve ato de beijar
O amor é grande, mas cabe no breve ato de beijar
A conjunção "e", fundamentalmente aditiva, pode ganhar, conforme o contexto, uma tonalidade mais adversativa, ainda que continue, sintaticamente, a funcionar como aditiva.
Partículas de realce
Vou-me embora pra Pasárgada
lá sou amigo do rei...
Todo mundo conhece esses versos de Manuel Bandeira, não é? Será que o pronome "me", de "Vou-me...", pode ser retirado da frase? Vejamos:
Vou embora pra Pasárgada.
Essa frase está perfeitamente correta. na primeira versão, o pronome tem a função de realce, de reforço de uma idéia. Esse tipo de palavra, que se acrescenta a uma frase para dar ênfase, chama-se "partícula expletiva". Ela tem outras denominações: "expressão de realce", "palavra de realce", "palavra expletiva", "expressão expletiva" ou ainda "partícula de realce".
Vou embora...
Vou-me embora...
A palavra "que" também é muito usada dessa forma. Veja este trecho da letra da canção "Quando", de Roberto e Erasmo Carlos, regravada pelo Barão Vermelho:
Quando você se separou de mim
quase que a minha vida teve fim(...)
Esse "que" em negrito, na letra da canção, pode ser tirado da frase, não é? O verso ficaria "Quase a minha vida teve fim". A palavra foi colocada por motivo de ênfase. Vamos a mais um exemplo, a letra de "Influência do jazz", de Carlos Lyra:
...coitado do meu samba, mudou de repente
influência do jazz quase que morreu(...) Podemos tirar a palavra "que" do verso "quase que morreu" sem alterar a estrutura ou o sentido da frase. Ela tem aqui função meramente expressiva. Mas é bom observar que esse recurso aparece muito em textos poéticos ou literários mais livres.
"Pernas, pra que vos quero?"
Há uma expressão que provoca calafrios e é usada justamente em situações em que se está apavorado com algo: "Eu, heim?!! Pernas pra que te quero!".
O "Nossa língua portuguesa" foi às ruas e propôs as seguintes frases aos passantes, pedindo-lhes que dissessem qual consideravam correta:
Pernas, pra que te quero?
Pernas, pra que vos quero?
Observem: "pernas" é plural e "te" é singular. Logo, essas palavras, sendo de número diverso, não combinam. A expressão correta é, portanto, "pernas, pra que vos quero?".
Outra expressão, também muito usada, é "grosso modo". Normalmente as pessoas dizem "a grosso modo". Mas a expressão é latina e deve ser dita na forma original, "grosso modo", que significa "de modo grosseiro, impreciso".
Quem é "você": segunda ou terceira pessoa?
O pronome "você" pertence à segunda pessoa ou pertence à terceira pessoa do singular? Veja o exemplo que temos neste trecho da canção "Ana Júlia", de Marcelo Camelo e gravada por Los Hermanos:
Quem te vê passar assim por mim
não sabe o que é sofrer
ter que ver você assim
sempre tão linda
contemplar o sol do teu olhar
perder você no ar
na certeza de um amor
me achar um nada ...
É bom lembrar a origem da palavra "você":
Vossa Mercê > Vossemecê > Vosmecê > você
De início o pronome de respeito "Vossa Mercê" era um pronome de formalidade, mas acabou se tornando, no Brasil, pronome de intimidade, que se usa entre iguais. Em Portugal a situação é diferente: "você" é ou pronome de respeito, ou um pronome relativamente neutro.
"Você" conjuga verbo na terceira pessoa:
Você é
você pode
você diz
Em se tratando de língua padrão, os pronomes associados devem ser da terceira pessoa: "seu", "o", "a", "lhe" etc. Ocorre que, na estrutura do discurso, "você" é a pessoa a quem se fala e, portanto, da segunda pessoa.

Para que não fique nenhuma dúvida: na estrutura do discurso, "você" é da segunda pessoa, é o interlocutor; por outro lado, "você", como os demais pronomes de tratamento (senhor, vossa senhoria etc.), pede o verbo conjugado na terceira pessoa, e não na segunda pessoa.
"Se não" e "senão"
Para explicar isso, vamos observar um trecho da canção "Nos Lençóis desse Reggae", de Zélia Duncan:
Nos lençóis desse reggae
passagem pra Marrakesh
dono do impulso que empurra o coração
e o coração, pra vida.
Não me negue, só me reggae
só me esfregue quando eu pedir
e eu peço sim
senão pode ferir o dia
todo cinza que eu trouxe pra nós dois...
Esse "senão" que Zélia usou na letra deve ser escrito numa palavra só. Ele significa "do contrário" ou "caso contrário".
senão = do contrário / caso contrário
Exemplo:
Faça isso, senão haverá problemas.
Faça isso, do contrário haverá problemas.
Faça isso, caso contrário haverá problemas.
Já a combinação das palavras "se" e "não" tem outro significado. "Se" é uma conjunção condicional, isto é, uma conjunção que indica condição.
Se não chover, irei à sua casa.
Caso não chova, irei à sua casa.
Nesse caso, a dica é simples: substitua mentalmente o "se não" por "caso não". Se for o sentido desejado, escreva "se" e "não" separadamente.
"Televisão em cores" ou "televisão a cores"?
Qual a forma certa: "televisão em cores" ou "televisão a cores"?
Essa pergunta é muito freqüente.
A televisão é em preto-e-branco.
A televisão é em cores.
Isso é indiscutível. Há um ou outro autor que argumentam que "a cores" se impõe pelo uso. Se você não quiser gerar discussão, opte por televisão "em cores", forma absolutamente correta.
O filme é em preto-e-branco.
O filme é em italiano.
O filme é em preto-e-branco.
O filme é em cores.
Lembremos que, se fosse aceita a forma "a cores", jamais esse "a" poderia receber acento indicador de crase porque "cores" está no plural e, portanto, o "a" é tão-somente preposição, e não preposição acompanhada de artigo.

Seja como for, a expressão considerada pela quase totalidade dos gramáticos é "televisão em cores".
Uso do "por que"
Vejamos um trecho da canção "Pedacinhos", de Guilherme Arantes:
Pra que tornar as coisas
tão sombrias
na hora de partir?
Por que não se abrir?
Se o que vale é o sentimento
e não palavras quase
sempre traiçoeiras
e é bobeira se enganar.
Nessa canção, Arantes usa a frase "Por que não se abrir?". Esse "por que" é separadíssimo! Toda vez que for possível substituir o "por que" por "por qual razão" ou "por que razão", ele deve ser escrito separado:
por que não se abrir
por qual razão não se abrir
Observe este trecho da canção "Coisa Mais Linda", de Carlos Lyra:
... Coisa mais linda
é você assim
justinho você - eu juro -
eu não sei por que você
não me quer mais...
"Eu não sei por que você não me quer mais" equivale a dizer "eu não sei por qual razão você não me quer mais". Sempre que a troca for possível, escreva "por que" separado.
Pronúncia correta
"látex" ou "latéx"?
Algumas vezes até conhecemos a palavra, mas a empregamos de um determinado modo enquanto o dicionário recomenda outro uso. Vamos a mais um exemplo, o trecho final de uma propaganda feita pelo humorista Jô Soares:
Ninguém discute a liderança da tinta látex Suvinil.
No comercial, o apresentador diz "látex", e a pronúncia está correta, embora quase todos digam "latéx".
E como "látex" lembra pintar paredes... e paredes lembram apartamento... pensamos logo em "dúplex" e também em "tríplex". A maioria das pessoas pronuncia "dupléx" e "tripléx".
Quem tem razão, afinal? Oficialmente, têm razão os dicionários. Eles ensinam que "quiçá" quer dizer "talvez" e que a pronúncia correta dos termos acima é "látex", dúplex" e "tríplex".
Gíria
"panaca", "basbaque"
Observe o trecho da canção "É", de Luiz Gonzaga Jr.::
A gente quer calor no coração
a gente quer suar, mas de prazer
a gente quer é ter muita saúde
a gente quer viver a liberdade
a gente quer viver felicidade.
É, a gente não tem cara de panaca
a gente não tem jeito de babaca...
Nessa letra de Gonzaguinha, vimos o uso das gírias "panaca" e "babaca". Essa última, por sinal, tem a sua variante culta, "basbaque", a pessoa que pasma diante de tudo, o tolo. Do termo "basbaque" surgiu a variante "babaca", uma gíria. "Panaca" é a mesma coisa, uma gíria com significado semelhante a "babaca".
Vamos a um trecho da canção "Vida Louca Vida", gravada por Lobão:
...Se ninguém olha quando você passa
você logo acha: _"tô carente
sou manchete popular".
Já me cansei de toda essa tolice
babaquice
essa eterna falta do que falar.
Que posição devemos ter em relação à gíria? Preconceito? Não. A gíria é um recurso lingüístico saudável. A gíria vai e vem: ela nasce, vive, desaparece e pode até ressurgir. No texto formal, porém, procure evitá-la.
Gíria
"Ficar"

Os tempos dão às palavras significados que mudam.
Por exemplo: "ficar". Qualquer dicionário de língua portuguesa traz o significado da palavra, que todo mundo sabe qual é. Nos últimos tempos, porém, os jovens deram a essa palavra um novo sentido.
Vamos ver o que ocorre com "ficar" na letra da canção "A cruz e a espada", gravada por Paulo Ricardo:
... E agora eu ando correndo tanto
procurando aquele novo lugar
e aquela festa, o que me resta
encontrar alguém legal pra ficar
e agora eu vejo, aquele beijo
era mesmo o fim
era o começo e o meu desejo
se perdeu de mim.
O que seria "alguém legal pra ficar"? A expressão "ficar", com a acepção que tem na canção, quer dizer algo como "ter um leve envolvimento com alguém, sem compromisso".
Gíria
"detonada"

Será que você já fez uso de "adequação vocabular"? "Vocabular" diz respeito a vocábulo, palavra. "Adequação vocabular" é adequar as palavras à situação de fala. As gírias, por exemplo, podem ser perfeitamente ajustadas a certos contextos. Repare na palavra "detonada" utilizada na letra da música abaixo, "Nada a declarar", do grupo Ultraje a Rigor:
Mas eu 'tô vendo que a galera anda entediada
não 'tá fazendo nada e eu não 'tô dando risada
Aí, qualé? Vamos lá, moçada!
Vamos agitar, vamos dar uma detonada!
"Detonar", nos dicionários, aparece como sinônimo de "fazer explodir", "provocar uma explosão". Na gíria, essa palavra passou a ser usada como sinônimo de "pôr tudo a perder", "acabar com tudo" e até de "ser o máximo", "ser o melhor dos melhores". O jogador que "detonou", por exemplo, foi o melhor do jogo.
Gíria
"não dá para"
Na canção abaixo, aparece uma expressão muito comum na fala, no bate-papo, que, no entanto, não deve freqüentar o chamado padrão escrito, o padrão formal da língua. O trecho faz parte da canção "Pra Dizer Adeus", dos Titãs:
...não dá pra imaginar quando
é cedo ou tarde demais
Pra dizer adeus, pra dizer jamais
Na linguagem popular, a expressão "não dá pra..." é aceita e muito comum. No texto formal, no entanto, o mais apropriado seria utilizar "não é possível" ou algo equivalente. A expressão "não dá pra..." é bastante recorrente. Outro exemplo do seu uso é a canção "Rádio Bla", com Lobão:
... não dá para controlar, não dá
não dá pra planejar...
Utilizar essa expressão não é errado. Ela é adequada a um determinado nível de linguagem, como a fala. Mas o padrão escrito não a recomenda.
Uso de "gente" e "nós"

Afinal de contas, podemos ou não utilizar a expressão "a gente" no lugar de "nós" ? Dizer que não há problema nenhum em usarmos a expressão no dia-a-dia, na linguagem coloquial, contraria muitas pessoas, para quem esse uso da palavra "gente" deveria ser abolido de vez.
Evidentemente não é possível eliminar a expressão da língua do Brasil, mesmo porque seu uso já está mais do que consagrado. Mas quando ela é de fato mais lícita? No bate-papo, na linguagem informal. No texto formal, ela está fora de questão. Mas, uma vez usada, como deve ser a concordância? É "a gente quer" ou a "gente queremos"? A maneira correta é:
"Nós dançamos a nossa dança".
A gente quer.
Nós queremos.
O uso da expressão "a gente" em substituição a "nós" é tão forte que algumas vezes dá origem a confusões. Veja o trecho da canção "Música de rua", gravada por Daniela Mercury:
... E a gente dança
A gente dança a nossa dança
A gente dança
A nossa dança a gente dança
Azul que é a cor de um país
que cantando ele diz
que é feliz e chora
"A gente dança a nossa dança". É tão forte a idéia de "gente" no lugar de "nós" que nem faria muito sentido outro pronome possessivo para "gente", não é? O "nossa" é pronome possessivo da 1ª pessoa do plural e, portanto, deveria ser usado com o pronome "nós":
"Nós dançamos a nossa dança".
No bate-papo, no dia-a-dia, na canção popular, não seria inadequado o emprego da palavra "gente" — que nos perdoem os puristas, os radicais, os conservadores. Só não é possível aceitar construções como "a gente queremos". Isso já seria um pouco excessivo.
"Eu sarto de banda"
O programa Nossa Língua Portuguesa já abordou algumas vezes a questão do preconceito lingüístico. Muitas pessoas ainda manifestam preconceito contra variantes lingüísticas típicas de determinadas comunidades. Isso é de lamentar, pois, na verdade, o modo como comunidades do interior de São Paulo, por exemplo, pronunciam certas palavras e fonemas enriquece o patrimônio cultural da língua portuguesa.
Veja este trecho da canção "De repente Califórnia", de Lulu Santos e Nélson Motta:
... O vento beija meus cabelos
as ondas lambem minhas pernas
o sol abraça o meu corpo
meu coração canta feliz.
Eu dou a volta, pulo o muro
mergulho no escuro
sarto de banda.
Na Califórnia é diferente, irmão
e muito mais do que um sonho...
Você notou, a certa altura, a expressão "sarto de banda". Não há nenhum problema nisso! Afinal, trata-se de uma letra de música, e não de uma dissertação formal. Possivel vermos também nessa letra de música uma personificação da natureza.
"trocar de mal" e "ficar de mal"
Existem determinadas expressões brasileiras que mudam de Estado para Estado. Um exemplo é a expressão "ficar de mal", que em alguns lugares recebe a variação que vemos no trecho abaixo da música "Espelho", de João Nogueira:
...troquei de mal com Deus por me levar meu pai...
Em São Paulo ninguém diz "troquei de mal", que é próprio do Rio de Janeiro e de outras regiões. Em São Paulo a expressão equivalente seria "fiquei de mal".
Nessa mesma letra João Nogueira escreve:
... um dia eu me tornei o bambambã da esquina....
"Bambambã" é uma expressão conhecida em todo o território nacional: "o bambambã do futebol" é o número 1 do time.
Observe outros casos em que uma expressão pode apresentar variação quanto à forma:
Em São Paulo, as pessoas descem do ônibus.
No Rio de Janeiro, elas saltam do ônibus.
A média na capital paulista é café com leite.
Em Santos, média é um pãozinho.
Em Itu (SP), pãozinho é filão.
O filão em S. Paulo, capital, é um p
É o caso da palavra "cacete". A palavra "cacete" em língua culta significa "enfadonho". Assim, "um filme cacete" seria um filme enfadonho.

Nas padarias de Salvador, não se espante se, ao pedir 5 pãezinhos, a balconista avisar ao padeiro: "Salta 5 cacetinhos". Seria estranho, em São Paulo, alguém pedir em uma padaria "cinco cacetinhos".
Há ainda a expressão "do cacete", com função qualificadora e mesmo superlativa. Um livro "do cacete" é um livro "excelente". Uma campanha publicitária sobre o Caribe aproveitou essa gíria para montar um trocadilho: "Aruba é do Caribe". É claro que Aruba é do Caribe, mas a intenção é outra. Esse "Caribe" da frase está no lugar de "cacete", com quem compartilha o "ca" inicial.
O apóstrofo
Um verdadeiro motivo de confusão é o apóstrofo, um sinal em forma de vírgula usado em certos casos de união de palavras. Um exemplo do uso do apóstrofo está na canção de Chico Buarque "Gota D'água":
Deixa em paz meu coracão
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água...
O compositor preferiu escrever "gota d'água" a escrever "gota de água" . O apóstrofo representa a junção de duas palavras: "de" e "água".
Há casos de exagero no uso do apóstrofo. É o que ocorre em relação a "pra", redução da palavra "para". Nesse caso, não há junção de palavra com palavra. Logo não há por que colocar o apóstrofo.
O apóstrofo pode ser usado ainda de forma criativa e brincalhona. É o que vemos, por exemplo, no nome de um bar situado na rua Eça de Queirós, no bairro do Paraíso, em São Paulo. O nome do estabelecimento é ENTRE N'EÇA. Os proprietários criaram essa marca com base no nome da rua e na expressão popular "entre nessa". Ocorreria, nesse caso, um fusionamento de palavras, "no Eça", conforme sugere o trocadilho con "nessa".
"Embaixo" ou "em baixo"?
Nosso sistema ortográfico possui algumas incoerências. Uma delas é o caso de "embaixo". Juntamos ou separamos essa palavra? Vejamos a letra da música "Eu vou estar", do grupo Capital Inicial.
(...)
Nos seus livros
nos seus discos
vou entrar na sua roupa
e onde você menos esperar
embaixo da cama
nos carros passando
no verde da grama
na chuva chegando
eu vou voltar...
"...embaixo da cama", diz a letra. E se fosse "em cima da cama"? Nesse caso, deveríamos usar duas palavras: "em" e "cima". Mas "embaixo" constitui uma única palavra.
Havia uma propaganda de rádio em que um menino dizia: "Pai, porque 'separado' se escreve tudo junto e 'tudo junto' se escreve separado?". De fato, parece uma incongruência.
Seja como for, escreve-se "embaixo" junto e "em cima" separadamente.
Se a palavra "baixo" for adjetivo, então ela será autônoma, como neste exemplo:
Ele sempre se expressa em baixo calão, em baixa linguagem.
De resto, o contrário de "em cima" é "embaixo".
"Viajem" ou "viagem"? "Chuchu" ou "xuxu"?
Muitos têm dificuldade para acertar na grafia das palavras. Nesses casos, é fundamental consultar o dicionário com freqüência.
A palavra "chuchu", por exemplo, nem sempre é grafada corretamente. Escreve-se "chuchu", como se pode perceber, com "ch" e sem acento.
Outra "curiosidade" que a língua nos oferece diz respeito à palavra "viagem". Entrevistamos o povo na rua a respeito desse termos, e as respostas se dividiram.. Algumas pessoas garantem que é com "g", outras, com "j". Qual a forma correta?
Ambas as formas são possíveis: "viajar" é com "j", mas "viagem" pode ser escrita tanto com "g" como com "j". "Viagem" com "g" é o substantivo. "Viajem" com "j" é a forma verbal do verbo "viajar". Veja:
Que eu viaje
Que tu viajes
Que ele viaje
Que nós viajemos
Que vós viajeis
Que eles viajem
Ex.: Eu quero que vocês viajem agora e que façam uma ótima viagem. Interessante, não ?
Dúvidas também aparecem quanto à grafia das palavras "através", "atrás", "atrasado". Elas são escritas com "s" ou com "z"?
"Atrás", "atrasado", "atrasar" são palavras de uma mesma família, têm o mesmo radical e todas são escritas com "s". "Através" também é escrita com "s".
Problemas relacionados à grafia existem em outras línguas, não sendo exclusivos da língua portuguesa.
Em todos os casos, não há outra saída. Leia com constância para fixar a grafia das palavras e não se esqueça: quando a dúvida permanecer, vá ao dicionário, pois a certeza está lá.
Palavras terminadas em "-ez"
Como é que se escreve "chinês"? Com "s" no fim, é claro, e acento circunflexo no "e".
E "holandês"? Do mesmo modo: com "s" no fim e circunflexo no "e".

E quem é tímido? Quem é tímido possui uma propriedade que às vezes atrapalha um pouco... Uma propriedade, uma qualidade chamada...
Bem, vamos ver trecho de uma canção com o grupo Biquíni Cavadão:
... Se eu tento ser direto, o medo me ataca.
Sem poder nada fazer,
sei que tento me vencer e acabar com a mudez.
Quando chego perto, tudo esqueço e não tenho vez.
Me consolo (foi errado o momento talvez...),
mas na verdade nada esconde essa minha timidez...
Essa música chama-se "Timidez", exatamente o que nos interessa. Quem é tímido é dotado de timidez. "Timidez" não se escreve com "s", mas com "z". Trata-se de um substantivo abstrato, que, entre outras coisas, designa qualidade, como "honestidade" e "rapidez". O adjetivo "tímido" dá origem a "timidez", substantivo abstrato. Sempre que ocorre esse processo, com o acréscimo de "-ez" e "-eza", usamos a letra "z".
Substantivos abstratos derivados de adjetivos
terminam em -ez/-eza.
Other exemple:
"Somos quem Podemos Ser", gravada pelos Engenheiros do Hawaii:
... A vida imita o vídeo,
garotos inventam um novo inglês,
vivendo num país sedento,
um momento de embriaguez...
E aquela raça de cachorro... será "pequinês" ou "pequinez"?
Bem, "pequenez"
Pronúncia certa

é Paisagem/ou Paisajem?
miragem/ou mirajem?
Palavras terminadas em "-gem"
Veja as palavras terminadas em -gem que aparecem no texto abaixo, extraído da canção "Sereia", de Lulu Santos.
Clara como a luz do Sol
lareira luminosa nessa escuridão
bela como a luz da Lua
estrela do Oriente nesses mares do Sul
lareira azul no céu
na paisagem
será magia, miragem, milagre
será mistério
Observe que "paisagem" rima com "miragem". Esses substantivos que terminam em "-gem" são grafados com "g": "paisagem", "miragem", "garagem" (existe também a forma "garage"), "personagem", "ultrapassagem", "passagem", e por aí vai.

Mas, como sabemos, existem as exceções: "lambujem" e "pajem". Afora essas duas, os demais substantivos terminados em "-gem" escrevem-se com "g". "Viagem", por exemplo, é substantivo e é grafado com "g". Já "viajem", forma do verbo "viajar", é com "j".
Plural das palavras terminadas em "x"
Nem todos os plurais de palavras terminadas em "x" seguem o mesmo modelo. Vejamos o caso de "tórax".
Qual é o plural de tórax?
O plural de tórax é tórax: o tórax, os tórax.
(Lembremos que o adjetivo é torácico, com "c", e não com "x".)
No entanto há outras palavras terminadas em "x" que fazem plural diferente. Extraímos um exemplo da música "Cálix Bento" (letra adaptada por Tavinho Moura da Folia de Reis do Norte de Minas Gerais), cantada por Pena Branca e Xavantinho:
... onde mora o cálix bento
... onde mora o cálix bento...
Deve-se atentar para a pronúncia correta da palavra "cálix". O "x" não é pronunciado como na palavra "tórax" e, sim, com som de "s". "Cálix" tem uma forma paralela, "cálice".
As palavras que terminam em "x" e têm forma paralela fazem o plural pela forma paralela.
Ex:
cálix, cálice, cálices
apêndix (neste caso, pronuncia-se o "x" ), apêndice, apêndices
índex, índice, índices
látex, látice, látices

Normalmente, diz-se "latéx", com deslocamento do acento. Errado. O certo é "látex".
Quis" ou "quiz"?

Feliz ou Felis?
R- Quis
R- Feliz
"X" ou "ch"?

Um item particularmente delicado do capítulo de ortografia é o que diz respeito ao uso de "x" e "ch". Tomemos alguns exemplos extraídos da letra de música "Bolo de ameixa", do grupo Mundo Livre S.A.:
Deixa esse bolo de ameixa
e vem mexer
deixa esse bolo de ameixa
e vem mexer...
Repare em "Deixa esse bolo de ameixa". Tanto em "deixa" quanto em "ameixa" temos ditongo: dei-xa e a-mei-xa. A grafia é essa mesma, com "x". A dica é muito simples: depois de ditongo, usa-se "x".
Veja outros exemplos:
frouxo
baixo
caixa
Entretanto há uma exceção. Trata-se de "recauchutar" e toda a sua família: "recauchutagem", "recauchutador" etc. Nessas palavras temos o ditongo "au" e, em seguida "ch", em vez de "x". Isso se deve à origem da palavra "recauchutar", que, conforme o dicionário Houaiss, vem do termo francês "recaoutchouter" < "caoutchouter", que significa "emborrachar, impermeabilizar" e é, por sua vez, formado a partir de "caoutchou" (palavra de origem peruana), "borracha".

De qualquer maneira, tirando o caso da família de "recauchutar", você pode tomar isto como regra: depois de ditongo, use sempre "x".
"Benvindo" ou "bem-vindo"?
"Bem-vindo a São Paulo", "Seja bem-vindo a Guaratinguetá". Quando se chega a uma cidade, é comum vermos placas desse tipo. Mas há também aquelas que, em vez de "bem-vindo", trazem "benvindo". Perguntamo-nos então se uma forma vale pela outra, se é indiferente usar uma e outra. Vejamos uma letra do grupo Engenheiros do Havaí, chamada "Simples de coração":
(...)
antes que eu saia
pela tangente
no giro do carrossel
falta uma volta (ponteiros parados):
tudo dança em torno de ti
volta voando... fim da viagem:
bem-vinda à vida real.
No entanto indicam que existe também a forma "Benvindo" (com "n" e sem hífen) como nome de pessoa: "Benvindo" para homens e "Benvinda" para mulheres.
O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, registra duas grafias para a saudação: "bem-vindo" e "benvindo". Como o vocabulário tem força de lei, concluímos que essa grafia também é possível.
Sílaba tônica
Oxítonas, paroxítonas, proparoxítonas
Os acentos existem em nossa língua, têm sua lógica e devem ser usados. Vamos lembrar rapidamente o que é palavra oxítona, paroxítona e proparoxítona.
Palavra oxítona é aquela cuja sílaba tônica é a última. Exemplo: "café".
Paroxítona é aquela palavra cuja sílaba tônica é a penúltima. "Lata", por exemplo.
A lógica das regras de acentuação é a exclusão. Acentua-se o que é mais raro.
Todas as paroxítonas terminadas em "r" são acentuadas e, portanto, nenhuma oxítona terminada em "r" deve ser acentuada. Nesse caso, basta lembrar que todos os verbos são terminados em "r" (falar, beber, bater, ouvir, chorar, comer...). Todos são palavras oxítonas.
Quanto às proparoxítonas, veja o exemplo que Chico Buarque nos traz em "Construção".
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido

Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Observe que os versos terminam sempre em palavras proparoxítonas, ou seja, naquelas cuja sílaba tônica é a antepenúltima.
É o caso de "última", "único", "tímido", "máquina", "sólidas", "mágico", e "lágrima". As proparoxítonas são as palavras mais raras da nossa língua; por isso todas são acentuadas.
Chico Buarque teve muito trabalho para escolher, entre palavras que já são raras, aquelas que coubessem nos seus versos. O sistema de acentuação da nossa língua é muito bem feito. Resta a você seguir as regras e não ser tímido em acentuar quando necessário.
"arrochar" e "arroxar"
Todos sabemos que em muitas situações o "x" tem o mesmo som que o grupo "ch". Isso muitas vezes nos deixa em dificuldades na hora de escrever. Veja este trecho de "Me pegue pra chamegar", música de Tadeu Mathias gravada por Elba Ramalho:
Eu sou, eu sei que sou o seu amor
eu vou a noite toda com você
nesse chamego arrochado
que me deixa louca de tanto prazer
O vócabulo "arrochado" é escrito com "ch" e significa apertar. "Nesse chamego arrochado" é uma construção equivalente a "nesse chamego apertado, agarrado". Os dicionários dizem que "arrochar" com "ch" é palavra de origem obscura, ou seja, não se sabe ao certo qual é a origem, mas sabe-se que o significado é esse.
Existe também "arroxar", com "x", forma equivalente a "roxear" e "arroxear". Ambos os termos dizem respeito à palavra "roxo". Então "arroxar", "arroxear" e "roxear" significam "tornar(-se) roxo".
"Vigir" ou "viger"?

A lei estará em vigência no próximo mês...
Portanto ela vai vigir ou vai viger?
Das oito pessoas consultadas, três responderam "vigir", três optaram por "viger", e duas não souberam responder. De fato, a palavra "viger", que é a forma correta, faz parte do chamado jargão jurídico e é pouco usada em nosso dia-a-dia.
Viger = estar em vigência, entrar em vigor, vigorar
Quando a lei vige, ela está em vigor. Quando ela ainda não vige, mas vai viger, então entrará em vigor. Escreva sempre "viger", e não "vigir" !
Composição
"sanguessuga"

Harpia, aranha
sabedoria de rapina e de enredar, de enredar.
Perua, piranha
minha energia é que mantém você suspensa no ar
Pra rua!, se manda
sai do meu sangue, sanguessuga, que só sabe sugar.
Pirata, malandra
me deixa gozar, me deixa gozar
me deixa gozar, me deixa gozar.
Caetano Veloso aí aponta o significado da palavra "sanguessuga" ao dizer "sai do meu sangue, sanguessuga que só sabe sugar".

O bichinho sanguessuga faz justamente isso: suga o sangue.
A palavra em questão é composta, embora ela tenha um processo de formação interessante. Normalmente, quando um verbo se associa a um substantivo para formar uma palavra composta, a ordem da combinação é verbo e depois substantivo.
Contração

"embora", "aguardente", "daqui"
Muitas palavras que usamos surgiram da fusão de outras. Assim, por exemplo, a palavra "embora" deriva da fusão de TRÊS outras palavras:
"em", "boa" e "hora"
Outros exemplos:
pernalta = fusão de "perna" e "alta"
aguardente = fusão de "água" e "ardente"
Uma soma muito comum é a das preposições, como "de", "em" e "por", com palavras de outras classes gramaticais. Exemplos:
daqui = soma da preposição "de" com a palavra "aqui"
nesta = soma da preposição "em" com a palavra "esta"
pelo = soma da preposição "por" com a palavra "o"
A essa soma de palavras damos o nome de "contração". Veja um trecho da letra da canção "Até o fim", gravada por Chico Buarque:
... Minha mulher fugiu com o dono da venda, o que será de mim?
Eu já nem lembro pronde mesmo que vou, mas vou até o fim.
Como já disse, era um anjo safado, o chato dum querubim
que decretou que eu tava predestinado a ser todo ruim...
A expressão "dum", derivada da fusão da preposição "de" com o artigo indefinido "um", é perfeitamente aceita e abonada pelos dicionários, assim como "num", que é a fusão da preposição "em" com o artigo indefinido "um":
Ela gosta de um rapaz esquisito. / Ela gosta dum rapaz esquisito.
Ele mora em uma rua escura. / Ele mora numa rua escura.
Por outro lado, algumas fusões não têm tradição na língua, como "pronde", que também está na letra de Chico Buarque:
Pronde mesmo que vou? / Pra onde mesmo que vou?
"Pronde" é uma fusão um tanto radical. Não é, ao menos por enquanto, abonada ou registrada pelos dicionários. Convém us
Derivação imprópria
"comício monstro"
É comum ouvirmos expressões como "manifestação monstro", "concerto monstro" ou "comício monstro". Se olharmos no dicionário, vamos conferir que "monstro" é, primeiramente, um ser assustador, pavoroso. Trata-se em primeiro lugar de um nome, um substantivo. Mas veremos também que "monstro" é adjetivo, com a acepção de "muito grande", "fora do comum".
Quando dizemos "espetáculo monstro", por exemplo, usamos a palavra "monstro" como adjetivo, para qualificar. Passa a significar "grande", "muito grande", "excessivamente grande". "Aquele cara é um monstro (forte, bombado). O emprego de uma palavra fora de sua classe gramatical usual tem um nome: derivação imprópria.
Imprópria por quê? Porque essa derivação foge ao padrão da língua, isto é, determinada palavra está sendo utilizada fora do padrão habitual no qual ela é empregada. Além disso, a derivação ocorre em um processo diferente do usual.
Normalmente, quando queremos fazer uma palavra derivar de outra, acrescentamos prefixos ou sufixos, como podemos observar nos exemplos abaixo:
honesto - desonesto
honesto - honestidade
feliz - infeliz
f eliz - felicidade
A derivação imprópria supõe um processo diferente, bastante enriquecedor. Vejamos a seguir trechos de duas canções em que aparecem exemplos de derivação.
A primeira é "Pobre paulista", gravada pelo Ira!:
Todos os não se agitam
toda adolescência acata
e a minha mente gira
e toda ilusão se acaba...
A outra canção é "Vou tirar você do dicionário", gravada por Zélia Duncan:
Eu vou tirar você de mim assim que descobrir
com quantos nãos se faz um sim
eu vou tirar o sentimento do meu pensamento
sua imagem e semelhança vou parar o movimento
a qualquer momento procurar outra lembrança.
Nas duas letras, a palavra "não" é utilizada como substantivo. "Não" normalmente é um advérbio e modifica verbos: "não vou", "não faço", "não digo". Nas letras que vimos, a palavra a
Derivação parassintética
"Esvaziou" ou "desvaziou"?
Houve um lance incrível de futebol em que o árbitro anulou um gol alegando que a bola estava furada. O que será que aconteceu quando o jogador chutou?
A bola murchou, a bola esvaziou-se.
Um jogador do time disse que a bola desvaziou. O correto seria dizer que a bola esvaziou, do verbo "esvaziar". É perfeitamente compreensível esse desvio cometido pelo jogador porque os prefixos "de-" e "des-" entram na formação de muitas palavras da língua e possuem valores diversos.
Nem sempre o "des-" indica negação. Recentemente um cantor manifestou que "desconcordava", e muita gente o censurou dizendo que ele não sabia português. Porém basta uma consulta aos dicionários para ver que o verbo "desconcordar" existe, sim, e é sinônimo de "discordar".

Também é preciso levar em conta que algumas palavras têm forma dupla, como "esgarrado" e "desgarrado", "esgarrar" e "desgarrar", "espertar" e "despertar" e tantas outras em que entra ou não entra o elemento "de-" ou o elemento "des-", com vários valores.
Sufixação
"-oso","-osa"
Vamos ver a canção "Olhar 43", de Paulo Ricardo, para comentarmos outro caso que deixa as pessoas em dúvida:
... é perigoso o seu sorriso
é um sorriso assim, jocoso
impreciso, diria misterioso
indecifrável riso de mulher...
Vimos o emprego das palavras "perigoso", "jocoso", "misterioso", palavrinhas que têm o sufixo "-oso". É um sufixo que indica a idéia de posse plena, de abundância, de existência em grande quantidade. É bom lembrar: o sufixo "-oso" é sempre com "s", jamais com "z".
perigoso = com muito perigo
misterioso = cheio de mistério
jocoso = com muita jocosidade
Tomemos outro exemplo, tirado à canção "Vitoriosa", de Ivan Lins. A letra é de Vítor Martins:
... quero sua risada mais gostosa
esse seu jeito de achar
que a vida pode ser maravilhosa.
Quero sua alegria escandalosa
vitoriosa por não ter vergonha
de aprender como se goza.
Nessa canção vimos o sufixo "-oso" no feminino. "Gostosa", "maravilhosa", "escandalosa" etc. Sempre com "s"! E vimos também a palavra "goz
Gênero
"champanhe" "grama" "moral" "libido"
Em Belém do Pará, não é difícil ouvir alguém dizer: "Levei uma tapa". Certo ou errado?
Corretíssimo!!
Um rápida consulta ao dicionário nos esclareceria que "uma tapa", "um tapa", "o tapa" e "a tapa" são formas corretíssimas.
Caso semelhante ao de "tapa" é o de "sabiá". Na canção "Sabiá", de Tom Jobim e Chico Buarque, temos:
Vou voltar.
Sei que ainda vou voltar
para o meu lugar.
Foi lá e é ainda lá
que eu hei de ouvir cantar
uma sabiá, o meu sabiá.
Chico Buarque usou as duas formas. Ambas estão corretas, como nos mostram os dicionários.
Algumas palavras, porém, não admitem duplo gênero.
É o caso de "dó". Ouve-se falar "Você não imagina a dó que eu senti", quando a construção correta seria "Você não imagina o dó que eu senti". "Dó" é do gênero masculino. "O dó", portanto, é a construção adequada, ainda que seja muito pouco usada no dia-a-dia
Gênero 2

A Champagne ou o champagne?
Em muitos lugares ouve-se "a champanhe", quando o correto seria "o champanhe" e "o champanha". A palavra pode ser escrita com "e" ou com "a" no fim, mas deve ser acompanhada sempre de artigo masculino, e nunca de artigo feminino.


Gênero 3
O Grama / a Grama

o moral / a moral
Outro problema são aquelas palavras cujo sentido muda quando o gênero é alterado. É o caso de "grama". Não se deve confundir "o grama" com "a grama", "o moral" com "a moral". "O grama" é a unidade de massa.
Compram-se duzentos gramas de queijo.

Já "A grama" é o vegetal, a designação comumente dada a várias espécies de gramíneas.
Não pise naquela grama!

Por sua vez, "O moral" é o estado de espírito.
O time está com o moral elevado.
"A moral" é o código de princípios de uma sociedade.
A moral dos judeus é diferente da dos cristãos.
Gênero 4

Temos outro caso interessante no trecho a seguir da canção "Seduzir", gravada por Djavan:
Amar é perder o tom nas comas da ilusão.
revelar todo o sentido
Vou andar, vou voar para ver o mundo.
Nem que eu bebesse o mar
encheria o que eu tenho de fundo...
Está correto a expressão "a coma" na música do Djavan?
Corretíssimo!! De acordo com os dicionários, a palavra "coma" tem vários significados. Na letra de "Seduzir" ela foi usada com o significado de "estado de inconsciência", "estado de coma". Trata-se de uma palavra que pode ser indiferentemente masculina e feminina: "o coma" ou "a coma".

A língua falada, do dia-a-dia, não assimila com facilidade o gênero culto de algumas palavras.
Vejamos outro caso, a palavra "libido", usada na canção "Alívio Imediato", gravada pelos Engenheiros do Hawaii:
...A Líbia bombardeada, a libido e o vírus
o poder, o pudor, os lábios e o batom...
Agora observemos a mesma palavra ser utilizada na canção "Garota Nacional", gravada pelo Skank:
... Porque ela derrama um banquete, um palacete
um anjo de vestido, uma libido do cacete...
A grafia está correta na letra das duas músicas: "a libido". Não existe a forma "o libido".
Quando houver dúvida quanto ao gênero de palavras, recorra sempre ao dicionário.
Gênero 5

masculino de "primeira-dama"

Quando um homem é eleito prefeito, sua mulher se torna a primeira-dama da cidade. A mulher do governador torna-se a primeira-dama do Estado, e a do presidente, primeira-dama da nação. Mas como deveríamos chamar o marido de uma mulher que tenha sido eleita para um desses cargos?
Para responder a essa pergunta, precisamos descobrir o masculino de "primeira-dama". Basta pegarmos o masculino de "dama", que é "cavalheiro", e formar o substantivo composto "primeiro-cavalheiro". Essa construção pode parecer estranha, mas ela é correta:
primeira-dama
primeiro-cavalheiro. No caso de Dilma é primeira-dama mesmo. rsrs.
É importante não confundir "cavalheiro" com "cavaleiro", que é a pessoa que monta a cavalo.
Flexão de grau
diminutivo

Vamos a um exemplo tirado da canção "Coisa bonita", gravada por Roberto Carlos:
Amo você assim e não sei por que tanto sacrifício
ginástica, dieta não sei pra que tanto exercício
olha, eu não me incomodo
um quilinho a mais não é antiestético
Pode até me beijar, pode me lamber
que eu sou dietético...
Essa música de Roberto e Erasmo Carlos foi feita para as pessoas que são, digamos, gordinhas. Quando se diz "gordinho" ou "gordinha", usa-se o diminutivo, no caso diminutivo de um adjetivo. Esse diminutivo tem um valor afetivo: "gordinho" é um termo mais delicado que "gordão", que é o aumentativo. Nesse caso, o diminutivo não transmite necessariamente a idéia de tamanho, e sim a idéia de algo mais delicado, suave, afetivo, como fizeram os compositores com a palavra "quilinho". Na verdade, não pode haver um quilo menor do que outro quilo. Ao pé da letra, "quilinho" é um absurdo. Na letra da música, no entanto, a palavra adquire um valor afetivo justamente por causa do diminutivo.
Vamos ver outro exemplo, a canção "Azul", gravada por Djavan:
... até o sol nascer amarelinho queimando mansinho
cedinho, cedinho, cedinho
Corre e vai dizer pro meu benzinho
um dizer assim o amor é azulzinho
Nessa canção, Djavan usa e abusa do diminutivo afetivo. Para se referir às cores, por exemplo, ele usa "am
Número
"patins", "óculos"
Raul Seixas diz:"... quem não tem colírio usa óculos escuro". A concordância aqui não está adequada. A construção correta seria óculos escuros.
"Óculos" é plural, assim como "férias". Diz-se "As minhas férias" e não "A minha férias". Não se deve confundir "férias" com "féria", no singular, que é a arrecadação de dinheiro de um certo período.
Do mesmo modo, não se diz "o ciúmes", mas "o ciúme".
As pessoas comumente dizem "o patins". No entanto a forma "patins" é plural. São "os patins" ou, então, "o patim". O mesmo erro acontece, normalmente, com a palavra "óculos". Duas canções ilustram bem o problema.
A primeira é "Vampiro", de Jorge Mautner. A outra é "Como vovó já dizia", de Raul Seixas e Paulo Coelho. A letra de "Vampiro" diz:
... Eu uso óculos escuros pra minhas lágrimas esconder...
Jorge Mautner fala em "óculos escuros" e acerta. "Óculos" é plural de "óculo". Usamos dois óculos, um óculo para a vista direita e outro óculo para a vista esquerda. Logo, o apare
Número
Plural de "sol"
Mas você pode ter certeza
de que seu telefone irá tocar
em sua nova casa
que abriga agora a trilha
incluída nessa minha conversão.
Eu só queria te contar
que eu fui lá fora
e vi dois sóis num dia
e a vida que ardia
sem explicação....

Não importa que exista apenas um sol. Essa palavra portuguesa pode perfeitamente ser pluralizada. O plural de "sol" é "sóis".
Qual é a regra que está por trás disso? Os substantivos terminados em "-al", "-el", "-ol" e "-ul" fazem o plural pela transformação do "l" dessas terminações em "-is".

sol/sóis
guarda-sol/guarda-sóis
canal/canais
papel/papéis
As exceções são "mal", "real (quando nome de moeda) e cônsul, cujo plural é, respectivamente, "males", "réis" e "cônsules".
É preciso lembrar que em "sóis", por exemplo, temos um ditongo aberto, "ói", que é tônico e deve ser acentuado.
No caso de "guarda-sol" temos uma palavra composta formada por um verbo, "guarda", e um substantivo, "sol". Para formar o plural em casos como esse, só o substan
Número
A palavra "ônibus" é plural ou singular?

Plural de "giz", "gravidez" ?
É as duas coisas, assim como a palavra "lápis".
singular: o ônibus / o lápis
plural: os ônibus / os lápis
Por que isso acontece? Os substantivos terminados em "-s" são invariáveis quando paroxítonos ("lápis") ou proparoxítonos ("ônibus").

gizes e gravidezes
Se a palavra termina em "-r" ou "-z", também forma o plural com "-es"; assim como terminado em "S" - 'quando nao seja proparoxitona.'